sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Serpentes





Fitei-te
Correspondeste ao meu olhar
Engano fatal
Prendi-te

Hipnoticamente amarrei-te
Na vastidão de meus
olhos
Seduzi-te
Na vermelhidão dos meus
lábios
Capturei-te

Aproximaste de mim
Incônscio do perigo iminente
Fitavas-me os olhos
Lábios
Língua

Seguiste meus sussuros
incapaz de livrar-te
da influência de minha voz

Delicadamente abracei-te
Um abraço puro
Vagarosamente envolvi-te
Num misto de braços
Bocas
Pernas
Peitos
Laços

Colei-me a ti
imperceptivelmente
Inebriei-te de mim
Deliciosamente
asfixiei-te
prazerosamente
devorei-te

Não resististe ao meu
veneno
Inoculado em cada beijo
Cada suspiro
Cada carícia

Corrompi-te a Alma
E foste presa fácil
Não pudeste evitar
O bote
E a ele rendeste
Voluntariamente


Imobilizei-te
Corpo e Alma
Fiz-te escravo
Já não tens mais opções

ÉS MEU


(R.R.M.)

sábado, 6 de dezembro de 2008

Ambigüidade




Quando finalmente cri


ter construído todo o meu forte


indestrutível


a qualquer ataque




Você descobre um novo uso


para a mais poderosa


de todas as armas.


Silenciosa e infalível




E mais uma vez caem por terra


os muros que me protegiam.


É a sutileza que me abate.




Transbordam então


os diques da minha Alma


e não suportanto a invasão


me afogo em mim




Quero ar


preciso respirar


Me debato no escuro


grito por socorro




E para minha minha surpresa


é a sua mão que encontro


é a nas profundezas do seu olhar que sinto


toda a segurança


que minha fortaleza


milimétricamente construída


jamais me deu




Quem é você?


anjo maldito


ou bendito demônio


que me livra do cácere protetor


e me lança


de cabeça e desprotegida


na profundidade de mim?




Sem garantia de sobrevivência


arrisca


talvez porque crê


que a vida por trás dos muros


não é VIDA




(R.R.M)

domingo, 30 de novembro de 2008

Resignação


Coração apertado
Lembranças dolorosas
Que teimam em me levar de volta
Eu não quero mais voltar...

Você me espera

Lágrimas descem quentes
Pelo rosto frio
Ah... tristeza
Muito... muito mais gélida

Dor maldita
Como um zumbi me persegue
Suga da boca o sorriso
E da alma a vida

Até quando vai me perseguir?
Até quando vamos digladiar?
Até que mais uma vez eu o mate...
Ou pelo menos pense que o tenha feito

E quando as marcas da batalha
Finalmente cicatrizarem
Os louros da vitória virão
Acompanhados de um novo desafio

Porque sempre retorna?
Porque não me deixa em paz
Ou me leva de vez?

Talvez o seu prazer seja exatamente esse
Minar-me a alma de vagar
Sugando minhas lágrimas com lábios frios

Ouvir a minha súplica...


Te faz feliz, não faz?
E é por isso que você volta
Você sempre volta
E eu sei que vai me encontrar

Até quando?
Até quando eu resistir...

R.R.M

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Quem sabe não sejamos todos espelhos...



Quem pensas que és?

Como ousas quebrar todas as minhas barreiras,

por tanto tempo minuciosamente construídas,

com uma palavra?


Como podes acusar-me de ouvir-te,

quiçá entender-te,

quando com olhos de águia

desnuda-me a alma diante dos olhos?


Quem és tu?

Quem és, que com o arcaico aríete do Amor

derrubaste a fortaleza digital de minhas resistências

e deixaste desnudo diante de ti um Ego pateticamente frágil?


Por que?

Por que sempre encontras a fenda na persona?

Iluminas a sombra com a luz de um sorriso

Ganha o Ego no olhar

E alcanças,nesse olhar que perscruta,

os porões de minha Alma.


Passeias por ela com liberdade e posse

que nem mesmo eu ousaria.

Exploras, expandes, deleita-te.

E jogas à meus pés, mortos,

os demônios que ali se escondiam,

Ao mesmo tempo em que estampa

diante de meus olhos

as pálidas virtudes que encontraste no caminho


Recolore-as com tua energia

e insistes em dizer que já estavam lá.

Enxergas por trás das lágrimas

a potencialidade do transcender minha própria Vida

e crês nisso

mesmo que eu tenha abandonado a esperança.


Como?

Como tens acesso a cantos tão remotos de minh´Alma

Que mesmo eu desconheço?

E com que direito vês em mim,

ser imperfeito, sombrio e exposto

A magnífica potencialidade do Amor?


Projeção!!!

Projetas em mim a pura essência de teu coração

A nobreza de teus sonhos

O Bem que emana de tua pelequando me olhas nos olhos


Equipara-me à genialidade de meus contemporâneos

Garimpas no rio do meu ser o dom de ouvir

Quando tu, nem precisas das palavras


No devir das experiências

Estendes-me a mão

Segura-a junto a tua

e já não tenho mais medo


Elogia-me,

Num palpite

Quem sabe casualmente acertado

Quando compartilhas comigo a imensidão simbólica dos teus sonhos

Julga-me altamente capaz


Sabes que não tenho defesas contra teus elogios

E pareces gostar de ver-me assim tão desarmada

Embebida por cada uma das tuas palavras

Não sabes que delas sorvo

Gota a gota

A coragem que me impulsiona

A viver um dia de cada vez


O que vês em mim

nada mais é do que uma nuance

do reflexo de ti mesmo

Quando me olhas nos olhos

Profundamente nos olhos


(R.R.M.)

No escuro...




Noite...

quando os corpos jazem na semisconsciência de si mesmos

até que tudo seja inconsciente...

a bendita hora em que a consciência se aquieta...

e o silêncio a invade a minha Alma...



Ah... inebriante silêncio...

sorvo de tua taça gota a gota e deleito-me no conforto de teus braços...

entrego-me a ti sem resistências ou pudores...

possua-me sob a luz difusa do luar...

que não ofusca como o Sol, mas sutilmente sugere um caminho...



Aaaah sombra... traga-me pra teu âmago...

inebria-me com tua doçura e acalenta meus sonhos tranqüilos...

enquanto a brisa noturna acaricia meu corpo entregue...



Noite...

me abandonas no arrebol...

lânguida e saciada ...

e me torturas com luz do Sol por todo um dia...

até estar outra vez em teus braços.



(R.R.M.)