sábado, 17 de outubro de 2009

Uma conclusão (nem sempre) simples...

As vezes gente se arrepende de algumas coisas que faz
e sempre nos amarguramos pelas coisas que não fizemos.

Se eu não te tenho hoje, infelizmente não posso me arrepender;
Não foi uma oportunidade mal aproveitada.
Foi uma não aproveitada.

Responsabilidade é diferente de culpa.
Não tenho culpa por não te ter
Massou responsável por não estarmos juntos.

domingo, 27 de setembro de 2009

Aprenda algo hoje...

Sorte do dia do infame Orkut: Aprenda algo hoje...
Hoje? Em um fim de semana aprendi que você pode fazer uma escolha, se arrepender dela e se divertir assim mesmo... que pessoas desconhecidas podem ser muito simpáticas se você permite que elas se aproximem de você... que você pode mudar seus planos, optar pelo improvável, magoar pessoas por simples idealizações egoístas e se frustrar tremendamente... Que a pessoa mais improvável será a única a lembrar de você... que ter uma irmã linda e uma madrinha “pra frente” não ajuda muito quando você está de maiô na frente de adolescentes que parecem ter corpos 5 anos além do desenvolvimento comum... que não importa quantos quilômetros você se afaste dos seus problemas... eles te alcançam rápido demais... Que se eu continuar no nível de ansiedade que eu tô só por coisas que eu mesma sei que não deveriam me afetar tanto, eu vou morrer cedo demais... que no meio de um semestre incrivelmente lotado, você tirar três dias pra não saber de internet, textos, livros, aulas, ensaios, palestras, cursos e etc é um luxo ao qual eu devo me entregar mais vezes... que respirar fundo e pensar positivamente talvez possa servir pra alguma coisa... que eu não devo pegar óculos HB emprestados se eu não pretendo ficar com eles o tempo todo... Que eu devo conversar e principalmente agradecer mais a Deus... ele me ouve quando eu peço... Que posso sentir falta do mundo e sentir falta de ninguém ao mesmo tempo... Que eu perdi tempo demais sentindo pena de mim quando tenho dois braços e duas pernas que podem fazer muito mais do que auto-comiseração...
Sorte da vida: Fazer dela um eterno aprendizado... eterno enquanto durar...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Saudade Súbita


Surgiu

silenciosa por cima dos sobrados

Sombreou

o que antes era Sol

Sorriu

sombria na espreita.


Regressei à lembrança suspeita

das palavras sussuradas em tom urgente

que sorrateiras como um bote de serpente

Separaram-nos.


Só a saudade reina agora

Soberana

e traz de volta a realidade simples e sonora

Sobrei.


(R.R.M.)


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Esquadros (meus) - Adriana Calcanhoto (e eu)


Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!

(Tons de Marias
Semitons de Robertos
Sombras de Amélias
Luzes de Pedros
Cores de Vida
coloridas na experiência de viver.)

Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...

( As vezes sou bem sucedida
As vezes parece que insisto na tarefa árdua
pelo prazer masoquista de me frustrar
Mas a ânsia de controlar
de contar
de vigiar, filtrar,preparar
planejar
é grande demais.
Quem suporta a espontaneidade da surpresa?)

Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...

(Viver se tornou tão banal.
Será mesmo?!
É Vida esse arrastar de horas
dias
meses
anos?
O riso é o mesmo
As lágrimas também
O olhar já não olha mais
As imagens se fixaram
nos olhos
nos pensamentos
nos atos
nos sentimentos.)

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

(Pela janela da mente
pela janela dos olhos
pela janela da alma...
Quem sou eu?
Que no desvario de me dar forma
me dei limites
E me prendi nos muros
que eu mesma construí.
Mesmos muros que salto toda noite
pra me espalhar
me fragmentar
me dispersar e desprender
me desfazer por aí.
Nesse regime espartano e ditador
não sigo à risca nem o dito a mim mesma.)

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?

(Eu também vivo correndo
Por que?
Pra que?
Por quem?
Pra onde?
Perdi de vista onde queria chegar
quando comecei a andar
E penso que só vou me lembrar
quando voltar a caminhar
Chega de fugir
de um monstro que é meu
Meu monstro sou eu
E é nele que me mostro.)

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

(Encaixo e desencaixo
procurando o encaixe perfeito.
É impressão minha,
ou em todos os meus quebra-cabeças
falta, pelo menos, uma peça?)

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

(Testemunho a efemeridade
Pessoas cruzam o meu caminho
e eu modifico-lhes a existência
No bater de asas de uma borboleta.
E a minha existência?
Quem modifica, senão eu mesma?
Segunda, terça, quarta
-não tem ninguém aqui -
Quinta, sexta, sábado
-nada mudou -
Domingo
-Eu mudei, ME mudei -
Segunda, terça, quarta
-não tem ninguém aqui ...)

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

(Enquadro um mundo que não me enquadra
Que não me cabe
Eu sou a peça que falta.)

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

(Será que é aqui que você se encaixa?)

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

(E foi na tentativa de me encaixar,
de fazer caber nas margens rígidas
que me descobri inútil.
E como seria diferente se quis pôr em uma peça
todo um novo quebra-cabeças, tão ou mais complexo que o que eu queria completar?)



(Adriana Calcanhoto - Esquadros - Em negrito; R.R.M. - em itálico)




sábado, 18 de julho de 2009

De minha corporificação...

Me observas todo o tempo.
De quando ameaço erguer-me
até quando irremediavelmente tenho que partir.
Incansavelmente me esperas
à mesma janela
frente ao mesmo mar.
Olha-me nos olhos
e sinto teu prazer
em me vigiar
me escoltar
interpelar
interpretar
incendiar
incandescer...
Desci.
Desci do meu pedestal argírico
Despi.
Despi-me de minhas vestes negras
Desvelei
Desmitifiquei
Descendi.
Atendendo á tua súplica
ensurdecedoramente muda
íntima
íntegra
etérea
eterna;
corporifiquei.
E nesse corpo
de formas fluidas,
firmes,
fanático
de desejos
furiosos,
finalmente
fundimo-nos.
Encontramo-nos
nos meandros avassaladores de
nossos mistérios.
Imperamos eternamente
na fugacidade de nosso êxtase
e ainda embalados
pela lânguidez da entrega...
Despedi-me.
Desfiz-me de meus parcos limites corpóreos
e reassumi minha imensidão.
Retomei a divindade que sempre me pertenceu
mas sem deixar pra trás
não mais
nunca mais
a humanidade que experimentamos
JUNTOS.
(R.R.M.)

sábado, 11 de julho de 2009

(re)conhecimento







Acordei hoje com um pensamento
que não sei de onde veio ou porque estava comigo quando levantei
talvez seja porque ao abrir os olhos
dei com o Céu mais perfeitamente azul
que uma sexta feira poderia me oferecer.


Pensei em como é possível que pessoas enxerguem Deus
no raio quente do Sol de toda manhã
ou no Céu azul rajado de rosas, dourados e vermelhos de um pôr-do-sol;
quem sabe ainda na fúria das ondas do mar
que (ao mesmo tempo) castigam as pedras da orla
e beijam sutis a area branca da praia?


Como é possível enxergar a magnitude do Criador
nas manifestações mais sutis de sua obra sem perceber
o mesmo calor do Sol no sorriso de uma criança,
as mil nuances de cores que contém
o olhar de quem te escuta com tudo o pode oferecer no momento;
sem compreender o paradoxo que é
simplesmente ser HUMANO
amar e odiar
bater e beijar
acreditar desacreditando
e desacreditar reafirmando a crença?

Pensar em Deus
de tantos nomes
cores
e formas
assim como somos de diferentes nomes
cores
e formas
só reafirmou em mim
a minha incpacidade de reduzi-lo a um pensar.


Acordei
não só pra mais um dia
mas pra um novo ser
um novo estar
um novo querer...


Quero senti-Lo em cada abraço que receber
quero capturá-Lo em cada sorriso que vir
quero admirá-Lo em toda Sua grandeza
e agradecer cada segundo de Vida
que Ele me proporciona em Seu Infinito Amor.




(R.R.M.)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Quando o maior querer... é sem querer...


E foi assim que eu quis
pensando sempre com todo o meu querer
e querendo sempre sem muito pensar


E assim me desfiz
quando o querer deixou de ser promessa
sem querer
eu comecei a querer não mais querer
a querer esquecer

E se de repente tive que aprender
a questionar o meu querer
não foi por te mal-querer
mas por começar a me bem-querer

E que direito tinha o passado
de requerer?
E, displicente, ressuscitar em mim

um antiqüíssimo querer
quase sem querer...

E o que é que eu faço agora?!
Me ensina a ter você
ou a matar de vez esse querer
que me mata a cada espera
as vezes... sem você nem perceber

Porque eu descobri que quero
mas não sei querer
e ardo sem saber dizer
que do seu jeito estranho
tudo me faz pensar em você



(R.R.M.)




sábado, 27 de junho de 2009

Do mistério da sedução...


Cheguei em casa assim

a blusa amassada

retorcida num canto

a barra da calça enlameada

pingava tanto quanto o cabelo

colado ao rosto lavado.



A noite já se adentrava

e na ânsia de chegar me equilibrava entre pastas

projetos

planos

sonhos

Foi aí que te encontrei.



Livrou-me das pastas num arroubo

ganhou a boca molhada no segundo seguinte

no duelo de línguas percebi

a calça enlamenando o tapete...

tão longe da cama



O corpo que chegou lavado de chuva

foi então lavado de beijos

de carícias

de desejo

de prazer...



E o alvorecer nublado

trouxe consigo a satisfação

estampada no rosto e nos lençóis

de nossos corpos inconscientes.
(R.R.M.)





quarta-feira, 10 de junho de 2009

eu agora


Eu não sei o que se passa em mim...
Só sei que passa...
(R.R.M.)

domingo, 31 de maio de 2009

Um orgasmo cotidiano




Lancei a idéia despretensiosamente
Quase um pensamento solto
que me atravessou antes que pudesse contê-lo
“ BRIGADEIRO!”
Simples e gostoso

A provocação foi sua
Sabia que era golpe baixo
“ Ah... Derrete uns bombons de chocolate no meio pra pegar consistência
Passa na uva ou no morango
Como se fosse fondue...”


Foi a minha última gota de resistência
Antes de me entregar
Ao prazer quase devasso da fantasia
De sentir o chocolate morno
Nos lábios...
Na língua...
Na garganta...
Em mim.

Um êxtase de sensação
Ápice de prazer
Um orgasmo gastronômico

Não satisfeito
Mostrou suas garras novamente
“Foi bom pra você?
Ou posso aumentar o ritmo?”


Desprovida de qualquer lógica
ou senso estético
Tudo que a poética me permitiu balbuciar foi
“Manda ver”


Então veio a seqüencia...
“Uvas
Trufas
Sorvete
Pavê
Jujuba
Açúcar...”


Abandonei a cômoda passividade
E tomei parte no seu jogo
“Sonho
Paçoca
Brigadeiro
Quindim
Mousse
Torta alemã
De limão
De morango
Pavê de nozes...”


Vi no seu sorriso cínico
Que acertei o alvo
“Você é boa nisso”
Sorri satisfeita

De repente...
Na dinâmica das palavras...
No afã do momento...
“Lasanha!”
“Você quer mudar agora? É isso?”


Tentando manter o clima
Dei prosseguimento de onde paramos
“Salgadinho
Kibe assado
Pão de queijo
Patê de frango
Pizza..."


Abruptamente você parou
e eu não entendi nada
“perdi o ritmo”
“mas foi você quem mudou!"

Silêncio

"Esquece! Esfriei”
“hum... Mas frio também é gostoso...
Gelatina mosaico
Sorvete de morango...”
“desiste”
“Calma um pouco, a gente já volta”


Silêncio


“De novo?”
“Já lavei a louça e escovei os dentes”
“ Nossa! Vou pra cozinha sozinho então”
“ O sal de frutas está em cima da geladeira”


Quando foi que
o prazer do chocolate
se transformou em saudade
e hortelã?


(R.R.M.)


segunda-feira, 25 de maio de 2009

Um perceber...




Saí de casa como faço todos os dias. O mesmo caminho, quase sempre as mesmas pessoas. E como faço todos os dias, esperei o bendito ônibus no sol... Por minutos eternos a fio. Num de meus rompantes de impaciência (ou mau costume mesmo, como preferir) enrolei pela enésima vez, desde que ali cheguei, meu cabelo e percebi alguns fios enrolados em meus dedos. Soltei-os na brisa leve (leve demais num sol de meio-dia) e observei-os planar até que um ou outro caiu no asfalto, e alguns colaram-se à roupa de alguns passantes. Pela primeira vez, dei-me conta do significado daquilo. Meu DNA, o que me forma, meu todo em uma pequena parte de mim era agora parte da vestimenta de um estranho. Para onde será que ele me levaria? Afinal, ali, naquele fio fino de cabelo, também estava eu. Comecei a pensar então em como deixo partes de mim em tudo. Minhas digitais se espalham por tudo que eu toco e do jeito que eu sou desastrada, não posso dizer que seja pouca coisa! Minha epiderme marca, de células minhas, abraços, encontrões, beliscões, topadas... contatos pequenos... que me disseminam pelo mundo e já não dou conta mais da minha extensão... Posso estar em tantos lugares e mesmo aqui trago comigo tantos (des)conhecidos... Já não bastassem meus microfragmentos espalhados por aí, pensei ainda no que componho de outros modos. Um sorriso que faz parte de uma lembrança distante na memória de alguém... Uma colocação que por algum motivo já fez alguém pensar... a voz que canta a canção que fica... meu gosto na boca e na memória de pessoas que também deixaram seus gostos na minha memória... e as palavras... que entre um verso e outro carregam todo um “DNA do meu sentir” a cada vez que me coloco a escrever... Percebi de verdade e me assustei com a dimensão física e não física de mim. Finalmente compreendi melhor... e literalmente... que eu componho o mundo que me compõe...que existirei enquanto houver um pedacinho, ainda que ínfimo, meu em algum lugar. Talvez planando no vento, ou colado à roupa de um estranho... quem sabe na marca da carícia ou do tapa. E quando todos eles finalmente se extinguirem, me farei presente, eternamente, na memória daqueles que também compus.

Do que já não me satisfaz


Escrever

ponte de ligação

entre muros

entre Almas

entre mundos.


Mas o que acontece

quando rompem-se

desaparecem

os alicerces do meu criar?


Alicerces sintásicos

semânticos

metafóricos

que pareceram simplesmente ruir

bem no meio de uma travessia importante.


Palavras já não sustentam

o peso do que me habita

Dissolvem-se

Desfazem-se

Fragmentam-se

e a brisa suave que vem de dentro

como um vendaval

as leva para tão longe.


Por hora

descanso olhando a beleza triste

das ruínas do que outora fora magno


Outros tempos virão

Novos vocábulos emergirão

E na fluidez sutil do que é meu

(re) construo meus pilares.


(R.R.M.)


sábado, 23 de maio de 2009

De mim

Tenhos pés pequenos
e raízes profundas.
Cuidado com o vento que provocas.


(R.R.M.)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Nem aqui, nem alí... Nem em todo o universo


Por agora

esse é meu novo endereço.

(R.R.M.)

domingo, 17 de maio de 2009

Meu caminhar


A cada passo
um pensamento


A cada pensamento
Um novo passo

E a promessa
de não mais pensar.


(R.R.M)


quarta-feira, 13 de maio de 2009

Labirinto


Me percebo na bifurcação
pela direita, o ódio de te ver denovo
pela esquerda, a lembrança e o desejo.

Por mais que eu insista
em continuar à direita
logo na frente os caminhos se confundem
e me pego mais uma vez na bifurcação
pela direita, eu não preciso de você
pela esquerda, eu quero você denovo

Mas que inferno!
E pego o caminho errado denovo

e denovo
e denovo
e denovo...

E me envolvo
me embaraço
me perco
me acho
me machuco
me reergo
e continuo

Sempre
a me perder
entre paredes
e portas
que se abrem e se fecham
e me empurram
e me convidam
que me cercam
E me exigem

E o que eu faço?
me envolvo
me embaraço
me perco
me acho
me machuco
me reergo
e continuo


Quem sabe assim
nossas opções se encontrem
e finalmente confluam
ao próximo labirinto
de mãos
bocas
olhos
línguas
pernas
peitos
promessas
entregas
carícias
sorrisos
e lembranças

Onde finalmente nos perderemos
sem volta
em nós.
(R.R.M.)

domingo, 10 de maio de 2009

Sinestesia




Vejo o gosto do seu perfume

Toco o odor do seu ciúme

Ouço a cor dos seus pecados

Cheiro a lembrança dos seus recados

Saboreio o som da minha saudade

enquanto ouço os sabores sólidos da cidade.

Nas coloridas vivências incolores

(re)vivo a angústia de perfumes inodores.



(R.R.M.)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Prazer masoquista


Foi quando o copo acertou o espelho
que senti
a vontade que fosse você



Ver a sua cara despedaçada
em milhões de pedacinhos
sem conserto
me deu prazer



Eu quis
que o perfume que escorre agora na parede
fosse seu sangue



que a almofada que jaz
aos pés da cama
fosse seu corpo



que cada lágrima minha
derramada por sua culpa
fosse uma gota de veneno
corrompendo a sua Alma



Eu quis
delirantemente
destruir
cada traço
cada vestígio
cada nuance sua



E foi assim que me desfiz
de mim

(R.R.M.)

domingo, 26 de abril de 2009

Seguir


Na chuva que lava minha Alma

lavei também as mãos.


Na lágrima que encharca meu rosto

lavei também meu coração.


E foi assim que parti

de Alma e coração puros

em direção ao amanhecer.

(R.R.M.)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Arrozfeijãoefrango



Hoje acordei meio enjoada. Achei que fosse a fome de ter acordado ao meio dia em plena segunda feira considerada feriado. Mas depois do almoço ainda estava enjoada. Não dava nem pra pôr a culpa no arrozfeijãoefrango de sempre. Fui pra casa da vovó como todo fim de semana e ainda assim q coisa chata! Enjôo filho da puta que não me deixava em paz! Tentei me concentrar no texto que estava lendo, as mesmas matérias de sempre, com os mesmos assuntos de sempre e nada daquele maldito passar.Voltei pra casa com tudo entalado, embrulhado, o estômago reclamando, a cabeça doendo e o humor atravessado. Foi então que eu vomitei, vomitei toda a raiva de ter quatro dias teoricamente livres de feriado e não ter nada interessante pra fazer, de desperdiçar o tempo da minha vida estudando coisas que não quero, vendo as pessoas fazendo as mesmas coisas, inclusive eu. A paisagem que passa correndo pela janela do 509 não muda, a pessoa que há dois anos o pega pra ir pra faculdade não muda, o curso que ela escolheu não muda, os lugarem pra onde ela vai não mudam... Vomitei. Vomitei de novo toda a repulsa por essa vidinha morna. A culpa do enjôo foi o arrozfeijãoefrango sim! Arrozfeijãoefrango que se repetem à tanto tempo que já nem sei quando era novidade. Enjoei! Enjoei de fazer tudo sempre igual e sentir que a minha vida escorre por entre os artigos de PGE e os textos de DGRH. Quando foi a última vez que prestei atenção em TTP?! Quando foi a última vez que senti prazer? Prazer em estar ali, em pesquisar um assunto interessante, em conversar um assunto diferente... Quando foi a última vez que meu celular tocou pra alguma coisa deferente de "O texto é pra amanhã", "A gente tira xerox depois da aula","Não chega tarde em casa"... Chegar tarde como?! O arrozfeijãoefrango de todo dia não deixa. Já tomou conta de cada um dos meus passos. Finalmente alguma coisa nessa mistura foi indigesta o suficiente pra me obrigar a pôr pra fora! Pra parar e olhar pra imundície que eu tô fazendo... com a MINHA vida...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Descartável







Poder
Saberes
Pensamentos
Emoções
Pessoas...
Vidas descartáveis

Eu quero estar
ao lado de quem precisa de mim
Mas também me sinto
descartável

E é então
que a Vida muda
e tudo de desfaz
voraz
E refaz
veloz

Recupero então a paz
de me (re)descobrir
não mais descartável
RECICLÁVEL

(R.R.M.)



quarta-feira, 8 de abril de 2009

DEUS (A)


Eu estou no teu sorriso
quando vagueio por tuas lembranças


Eu estou nas tuas lágrimas
quando voltam-se para mim
os teus pensamentos

Eu estou no teu olhar
quando sorrindo vês
teu filho brincar

Eu sou a tua saudade
Eu sou a tua lembrança
Eu sou a tua alegria
e a tua tristeza também

Eu sou nosso passado
E sou o teu presente

E continuarei a ser
pra sempre
enquanto passares à frente
Quem sou eu

(R.R.M.)

terça-feira, 10 de março de 2009

Marcas


Por trás desses olhos cansados

que fitam o vazio

eu vejo vestígios

de sonhos


Alguns concretizados

outros frustrados

alguns apenas sonhados

outros nem sequer imaginados


Vejo as marcas que o tempo escavou na pele

lentamente

uma por uma

as pequenas valas por onde escorreram os anos

que levaram consigo os arroubos

e deixaram para trás a mansidão...


A expressão vazia de uma vida sofrida

apoia-se nas mãos calejadas

no suor do rosto

em braços e pernas fortes

que sustentam bem mais do que a parca carcaça

envelhecida


O mundo que se encerra

por detrás desse triste olhar

é um dos sagrados segredos humanos


Por detrás desses olhos

o passado manda lembranças

o futuro se espelha no presente

e a Vida me sorri de longe.



(R.R.M.)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

P-A-L-A-V-R-A-S


perigosas pérolas

que me partem

pequenas

do peito

e te presenteiam

primeiramente o pescoço,

perto da pele.

Posteriormente

uma parte profunda

Primitiva

Primordial.



Puxam-me

da penumbra prisioneira

Privam-me

da punição do passado

do qual sou prisioneiro que padece

por problemas pueris.



Príncipes,

princesas,

piratas,

parentes problemáticos

perdidos no pretérito.



Pareço preocupar-me prematuramente,

porém

se me permites a pergunta,

Por que a pressa?



Palavras que passam

paralelas ao presente

Como o precioso poente

que se propõe a partir na praia

peço pela primeira vez

Perdoe-me

por pensar em perder-te.


(R.R.M.)



terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Minha pena


Fui pega em flagrante

e ainda que não o fosse

sou réu confessa.

Acusação?

Amar-te


Algemaste-me à ti

como se fosse castigo

Mal sabias que era assim

que imaginava a eternidade

A punição começou de fato

quando tuas mãos se libertaram


Por meu crime me condenaste

aos espaços entre os abraços

à espera pelo toque

às lacunas entre os beijos


Tentei a todo custo

aliviar a minha pena

mas o bom comportamento

é avesso ao Amor


Rebelei-me

Procurei-te

Decidi-me

Seduzi-te

Iludi-me

Conseqüência?

Solitária


Os vãos agora são eternos

não há o som da tua voz

ou o afago de tuas mãos

A segurança de teus braços

ou a doçura de teus lábios


Liberdade?

Prefiro a cadeira elétrica

Não suportaria o castigo de libertar

pra sempre de ti

É duro demais


Dentro da cela fria e escura

confinada em mim

eu rezo a cada dia

pela bênção de uma perpétua

Onde eu estaria

para sempre

presa à ti.
(R.R.M.)