Foi um presente inesperado...
Cercado de palavras ainda mais inesperadas...
Era tão óbvio assim?
Mas aí estava escrito
que a melhor época pra plantar era junho...
E como ainda era dezembro,
eu esperei...
Não aquela espera cheia de expectativas,
mas aquela espera aliviada...
De quem tem medo de colher o que plantou...
Ou de ver morrer na terra
a esperança da flor...
E as sementes ficaram esquecidas...
Assim como junho...
E julho, e agosto...
E dezembro chegou de novo...
E o tempo de semear passou...
Do jardim que poderia ter sido
Ousaram brotar só algumas (belas) lembranças
E a primavera continua latente
confinada no cerne de cada semente
e esperando a minha coragem
de espantar o inverno.
E as sementes ficaram esquecidas...
Assim como junho...
E julho, e agosto...
E dezembro chegou de novo...
E o tempo de semear passou...
Do jardim que poderia ter sido
Ousaram brotar só algumas (belas) lembranças
E a primavera continua latente
confinada no cerne de cada semente
e esperando a minha coragem
de espantar o inverno.
(R.R.M.)
Um comentário:
Não é óbvio que tudo que vive precise de ar para respirar? Naquilo que é comum, a novidade está apenas nas personagens, nos diálogos e no desfecho; não no enredo.
A época para plantio é sempre agora. Jamais antes. Muito menos depois. E como decifrar o instante do agora? Ele é despótico... E repentino.
Essa semente é misteriosa. Dela não se sabe nunca o que vai brotar, tampouco que sabor terão seus frutos. Então, porque se preocupar? Basta plantar. E aguardar germinar.
Na primavera ou no inverno,
o agora sempre retorna...
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