domingo, 30 de outubro de 2011

Eu não sei brincar...


É... descobri que perdi o jeito... aquela manha sutil de toda criança... que percebe a brincadeira como composição do mundo... não separada dele... que responde à ela também brincando... numa seriedade impressionantemente leve... carinhosa...
Descobri que perdi essa habilidade em algum lugar... e que o meu olhar para quem a manuseia com facilidade, não é mais de admiração, mas foi corrompido pela inveja...
É... ainda não sei o que houve... o que aconteceu... se foi o tempo... se fui eu... mas alguma coisa em mim endureceu... e de brisa, que acaricia, passei a ser pedra, que machuca... de mel que adoça à acidez repentina do limão... quando comecei a ser veneno em vez de bálsamo?
Não é a toa esse sentimento de solidão... assim como eu me afasto daquilo e daquele que me fere, as pessoas também não querem ser feridas...
É possível aprender? É possível calar a serpente e diluir seu veneno? Eu não me dei conta do quão difícil tem sido conviver comigo... Eu não quero me machucar... mas não suporto a idéia de que, pra isso, eu tenha que estar só... Não sei viver em grupo, mas também não me basto... Eu quero (e preciso) da mão que acaricia... mas quem faz carinho em porco-espinho?!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Caio Fernando Abreu


''Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem não tem o que perder. Como quem não aposta. Como quem brinca somente. Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça. Mergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir. Sonha que é de graça. Não espere. Promessas, vão e vem. Planos, se desfazem. Regras, você as dita. Palavras, o vento leva. Distância, só existe pra quem quer. Sonhos, se realizam, ou não. Os olhos se fecham um dia, pra sempre. E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir. E só..."

sábado, 8 de outubro de 2011

Eu por mim mesma aos 17 anos...

"Sem falsa modéstia, se o que você quer é alguém pra conversar fiado, muito prazer. Eu sou alguém capaz de reparar as minúcias de um pôr-do-sol e não saber se você cortou o cabelo. Não parece, mas sou incrivelmente tímida e instrospectiva. Se você já me viu chorar por um motivo que não seja dor, filmes ou saudade, creia-me, você é raro. Meu sorriso é constante. Nem sempre sincero, mas ninguém é 100% feliz. Aliás, acho que essa é a meta de todo ser humano, não? Que vem antes mesmo do "crescer financeiramente na profissão que escolhi". Eu não sou exceção.Pelo menos não nesse aspecto. Um pouco antiquada, eu diria, dessas garotas que sabem a diferença entre um short e uma calcinha, que aprecia a companhia da família, que é uma irmã coruja e superprotetora (mas mereço um desconto! É a única irmã que eu tenho!!!), que muda de canal nas cenas mais picantes porque os pais estão na sala, que cora ao ouvir um elogio.
Uma pessoa que acredita não em príncipe encantado, mas em amar de verdade, que prefere ressaltar as qualidades aos defeitos (criticar é muito fácil, o difícil é superar), que está sempre disposta a ouvir, ver filmes, dançar, aprender, ensinar...
Talvez uma sonhadora, fadada a quebrar a cara num mundo tão hostil, mas que certamente não vai chegar ao fim da vida sem a certeza de ter dado o melhor de si."

(Fragmentos de memórias, 2007)

Eu por mim mesma aos 21 anos...
É... Eu mudei tanto e tão pouco...