sábado, 18 de julho de 2009

De minha corporificação...

Me observas todo o tempo.
De quando ameaço erguer-me
até quando irremediavelmente tenho que partir.
Incansavelmente me esperas
à mesma janela
frente ao mesmo mar.
Olha-me nos olhos
e sinto teu prazer
em me vigiar
me escoltar
interpelar
interpretar
incendiar
incandescer...
Desci.
Desci do meu pedestal argírico
Despi.
Despi-me de minhas vestes negras
Desvelei
Desmitifiquei
Descendi.
Atendendo á tua súplica
ensurdecedoramente muda
íntima
íntegra
etérea
eterna;
corporifiquei.
E nesse corpo
de formas fluidas,
firmes,
fanático
de desejos
furiosos,
finalmente
fundimo-nos.
Encontramo-nos
nos meandros avassaladores de
nossos mistérios.
Imperamos eternamente
na fugacidade de nosso êxtase
e ainda embalados
pela lânguidez da entrega...
Despedi-me.
Desfiz-me de meus parcos limites corpóreos
e reassumi minha imensidão.
Retomei a divindade que sempre me pertenceu
mas sem deixar pra trás
não mais
nunca mais
a humanidade que experimentamos
JUNTOS.
(R.R.M.)

3 comentários:

Lucas Lima disse...

muito bom, bem lúdico, rs, bonito a beça.
Bons dias

Rafah disse...

Perfeito! Não tem o que comentar, escreves divinamente!

bjoss

Saudade

Lucas Lima disse...

Andaste escrevendo pouco, rs
Bom fim de semana